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sexta-feira, 13 de setembro de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Teste de Português - 2012
9
Leia o texto abaixo com atenção para responder às questões.
Coisas
antigas
Rubem Braga
Depois
de cumprir meus afazeres voltei para casa, pendurei o meu guarda-chuva a um
canto e me pus a contemplá-lo. Senti então uma certa simpatia por ele; meu
velho rancor contra o guarda-chuva cedeu lugar a um estranho carinho, e eu
mesmo fiquei curioso de saber qual a origem desse carinho.
Pensando
bem, ele talvez derive do fato, creio que já notado por outras pessoas, de ser
o guarda-chuva o objeto do mundo mais infenso a mudanças. Sou apenas um
quarentão, e praticamente nenhum objeto de minha infância existe mais em sua
forma primitiva. De máquinas como telefone, automóvel, etc., nem é bom falar.
Mil pequenos objetos de uso mudaram de forma, de cor, de material; em alguns
casos, é verdade, para melhor; mas mudaram.
O
guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas, já se entregaram aos
piores desregramentos futuristas e tanto abusaram que até caíram de moda. Ele
permaneceu austero, negro, com seu cabo e suas invariáveis varetas. De junco
fino ou pinho vulgar, de algodão ou de seda animal, pobre ou rico, ele se tem
mantido digno.
Reparem
que é um dos engenhos mais curiosos que o homem já inventou; tem ao mesmo tempo
algo de ridículo e algo de fúnebre, essa pequena barraca ambulante.
Já na
minha infância era um objeto de ares antiquados, que parecia vindo de épocas
remotas, e uma de suas características era ser muito usado em enterros. Por
outro lado, esse grande acompanhador de defuntos sempre teve, apesar de seu
feitio grave, o costume leviano de se perder, de sumir, de mudar de dono. Ele
na verdade só é fiel a seus amigos cem por cento, que com ele saem todo dia,
faça chuva ou sol, apesar dos motejos alheios; a estes, respeita. O freguês
vulgar e ocasional, este o irrita, e ele se aproveita da primeira distração
para sumir.
Nada
disso, entretanto, lhe tira o ar honrado. Ali está ele, meio aberto, ainda
molhado, choroso; descansa com uma espécie de humildade ou paciência humana; se
tivesse liberdade de movimentos não duvido que iria para cima do telhado
quentar-se ao sol, como fazem os urubus.
Entrou
calmamente pela era atômica, e olha com ironia a arquitetura e os móveis
chamados funcionais: ele já era funcional muito antes de se usar esse adjetivo;
e tanto que a fantasia, a inquietação e a ânsia da variedade do homem não
conseguiram modificá-lo em coisa alguma.
VOCABULÁRIO:
* infenso: contrário. * pinho: madeira de pinheiro.
*futuristas: que pensam no futuro; a
frente do tempo; bastante modernos.
* austero: rígido, severo. * leviano: imprudente, precipitado.
* junco: planta
* motejos: zombaria, deboche,
ironia.
1ª PARTE: QUESTÕES SOBRE O TEXTO
01. “Pensando
bem, ele talvez derive do fato...” (2.°
parágrafo)
No trecho acima,
o pronome sublinhado substitui uma palavra ou expressão já presente no texto.
Assinale a alternativa em que traga essa palavra ou expressão.
a) “certa simpatia”
b) “meu velho rancor contra os guarda-chuvas”.
c) “guarda-chuva”.
d) “origem desse carinho”.
e) “origem desse carinho”.
02. “Sou apenas
um quarentão, e praticamente nenhum objeto de minha infância existe mais em sua
forma primitiva.”
Com a afirmação
acima, o autor demonstra que
a) quarenta anos é muito tempo para que os objetos
permaneçam os mesmos.
b) quarenta anos é pouco tempo para que os objetos mudem
tanto.
c) na infância, os objetos parecem diferentes daquilo que
realmente são.
d) é natural que os objetos mudem muito em quarenta anos.
e) é um grande absurdo que os objetos mudem para pior.
03. Leia a afirmação abaixo e marque X na opção que responde à
questão:
A( ) não mudaram
nada.
B( ) mudaram
muito pouco.
C( ) mudaram
muito.
D( ) não houve
mudança significativa.
E( ) pouca
importância têm essas invenções.
04. O autor
compara os guarda-chuvas com as sombrinhas.
a) Por
que as sombrinhas são “irmãs” dos guarda-chuvas?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
b) Escreva
a consequência do fato apresentado abaixo:
O HOMEM NÃO CONSEGUIU MODIFICAR O GUARDA-CHUVA EM COISA ALGUMA.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
06. Assinale as alternativas que apresentam somente características humanas
atribuídas ao guarda-chuva.
a) “de algodão ou de seda animal”, “funcional”, “digno”
b) “costume leviano de sumir”, “fiel aos amigos”, “ar
honrado”
c) “pequena barraca ambulante”, “funcional”, “feitio grave”
d) “digno”, “de junco fino ou pinho vulgar”, “fiel aos
amigos”
e) “respeitador dos amigos”, “de junco ou pinho vulgar”,
“choroso”
07. No texto, o
guarda-chuva é comparado a uma “pequena barraca ambulante” porque ambos
a) não se alteraram com o tempo e têm dimensões e custos
reduzidos.
b) têm algo de ridículo, de fúnebre e de vulgar.
c) protegem contra o mau tempo e podem ser carregados de um
local para outro.
d) são engenhosos e curiosos e têm pequenas proporções.
e) assemelham-se às sombrinhas e são portáteis.
08. Identifique o processo de formação
utilizado nas alternativas abaixo, justificando sua resposta.
a)
Processo
de formação: __________________
_____________________________________
Justificativa:
___________________________
_____________________________________
b) f o r m a
r e f o r m a
d i s f o r m a
t r a n s f o r m a
c o n f o r m a
i n f o r m a
f o r m a
José Lino Grunewald, 197?
Processo de formação: (apenas das palavras destacadas)
___________________________
Justificativa: _____________________________________________________________
c)
O passatempo foi muito bem elaborado.
Processo de formação:
____________________________________________________
Justificativa:
____________________________________________________________
Prova Bimestral 1ª Etapa - 2012
Leia com atenção o texto que segue.
Não chore, papai
Embora você proibisse, tínhamos
combinado: depois da sesta iríamos ao rio e a bicicleta já estava no
corredor que ia dar na rua. Era uma Birmingham que Tia Gioconda comprara
em São Paulo e enlouquecia os piás da vizinhança, que a pediam para
andar na praça e depois, agradecidos, me presenteavam com estampas do Sabonete
Eucalol.
Na hora da sesta nossa rua era
como as ruas de uma cidade morta. Os raros automóveis pareciam sestear também,
à sombra dos cinamomos, e nenhum vivente se expunha ao fogo das
calçadas. Às vezes passava chiando uma carroça e então alguém, querendo, podia
pensar: como é triste a vida de cavalo.
Em casa a sesta era completa, o
cachorro sesteava, o gato, sesteavam as galinhas nos cantos sombrios do
galinheiro. Mariozinho e eu, você mandava, sesteávamos também, mas naquela
tarde a obediência era fingida.
Longe, longíssimo era o rio, para
alcançá-lo era preciso atravessar a cidade, o subúrbio e um descampado de
perigosa solidão. Mas o que e a quem temeríamos, se tínhamos a Birmingham? Era
a melhor bicicleta do mundo, macia de pedalar coxilha acima e como dava
gosto de ouvir, nos lançantes, o delicado sussurro da catraca!
Tínhamos a Birmingham, mas era a
primeira vez que, no rio, não tínhamos você, por isso redobrei os cuidados com
o mano. Fiz com que sentasse na areia para juntar seixos e conchinhas e
enquanto isso, eu, que era maior e tinha pernas compridas, entrava n’água até o
peito e me segurava no pilar da ponte ferroviária.
Ali mesmo me deixei ficar, a
fruir cada minuto, cada segundo daquela mansa liberdade, vendo o rio como
jamais o vira, tão amável e bonito como teriam sido, quem sabe, os rios do
Paraíso. E era muito bom saber que ele ia dar num grande rio e este num maior
ainda, e que as mesmas águas, dando no mar, iam banhar terras distantes, tão
distantes que nem a Tia Gioconda conhecia.
Eu viajava nessas águas e cada
porto era uma estampa do cheiroso sabonete.
Senhores passageiros, este é o Taj Mahal, na Índia, e vejam a Catedral de Notre
Dame na capital da França, a Esfinge do Egito, o Partenon da Grécia e esta,
senhores passageiros, é a Grande Muralha da China – isso sem falar nas antigas
maravilhas, entre elas a que eu mais admirava, os Jardins Suspensos que
Nabucodonosor mandara fazer para sua amada, a filha de Ciáxares, que desafeita
ao pó da Babilônia vivia nostálgica das verduras da Média.[1]
E me prometia viajar de verdade,
um dia, quando crescesse, e levar meu irmãozinho para que não se tornasse, ai
que pena, mais um cavalo nas ruas da cidade morta, e então vi no alto do
barranco você e seu Austin.
Comecei a voltar e perdi o pé e
nadei tão furiosamente que, adiante, já braceava no raso e não sabia.
Levantei-me, exausto, você estava à minha frente, rubro e com as mãos
crispadas.
Mariozinho foi com você no Austin, eu pedalando atrás e adivinhando o outro
lado da aventura: aquele rio que parecia vir do Paraíso ia desembocar no
Inferno.
Você estacionou o carro e mandou
o mano entrar. Pôs-se a amaldiçoar Tia Gioconda e, agarrando a bicicleta,
ergueu-a sobre a cabeça e a jogou no chão. Minha Birmingham, gritei. Corri para
levantá-la, mas você se interpôs, desapertou o cinto e apontou para a garagem,
medonho lugar dos meus corretivos.
Sentado no chão, entre cabeceiras
de velhas camas e caixotes de ferragem caseira, esperei que você viesse. Esperei
sem medo, nenhum castigo seria mais doloroso do que aquele que você já dera.
Mas você não veio. Quem veio foi mamãe, com um copo de leite e um pires de
bolachinha-maria. Pediu que comesse e fosse lhe pedir perdão. E passava a mão
na minha cabeça, compassiva e triste.
Entrei no quarto. Você estava
sentado na cama, com o rosto entre as mãos. “Papai”, e você me olhou como se
não me conhecesse ou eu não estivesse ali. “Perdão”, pedi. Você fez que sim com
a cabeça e no mesmo instante dei meia-volta, fui recolher minha pobre
bicicleta, dizendo a mim mesmo, jurando até, que você podia perdoar quantas
vezes quisesse, mas que eu jamais o perdoaria.
Mas não chore, papai.
Quem, em menino, desafeito ao pó
de sua cidade, sonhou com os Jardins da Babilônia e outras estampas do Sabonete
Eucalol não acha em seu coração lugar para o rancor. Eu jurei em falso. Eu
perdoei você.
Vocabulário:
Austin: marca inglesa
de automóvel.
Cinamomo: arbusto ou
árvore que pode atingir até 20 metros.
Coxilha: região extensa
com muitas colinas, típica de parte do Rio Grande do Sul.
Desafeito: desacostumado,
desabituado.
Lançante: ladeira,
descida.
Piá: palavra muito
usada em algumas regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul para se referir
a menino.
Seixo: pedra pequena e
arredondada, muito comum em leitos e margens de rios.
Sesta: uma pequena cochilada no início da tarde,
geralmente depois do almoço.
[1] Os Jardins Suspensos da Babilônia foram construídos pelo rei Nabucodonosor, para agradar e
consolar sua esposa preferida Amitis, que nascera na Média, um reino vizinho, e vivia com saudades dos
campos e florestas de sua terra.
1ª
PARTE: QUESTÕES SOBRE O TEXTO
01. O primeiro parágrafo do conto já
revela ao leitor que a história está construída sobre um ato de desobediência.
a) COPIE do texto expressão revela isso?
_________________________________________________________________________________
b) De que desobediência se trata? Responda a essa questão marcando X na alternativa que melhor explica a desobediência narrada no texto.
( ) Os meninos saem de bicicleta, às
escondidas, para usar o presente que Tia Gioconda lhes dera.
( ) Os meninos vão até o rio de bicicleta
para causar inveja nos piás que moravam por perto.
( ) Os meninos querem desafiar o pai e vão
para o rio aproveitar o dia. Para isso, levam a bicicleta.
( ) Os meninos vão até o rio de bicicleta no
horário da sesta, o que havia sido proibido pelo pai.
c) Encontre nesse parágrafo o trecho
que expresse toda a ansiedade do protagonista em relação ao passeio até o rio e
COPIE-O. (empregue aspas e
reticências em sua resposta)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
02. No conto que você leu, há um conflito que se desenvolve desde o início. Qual é esse conflito?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
03. Releia.
“Eu viajava nessas águas e
cada porto era uma estampa do cheiroso sabonete.”
a) Marque X na opção que melhor define o sentido da
palavra viajava, nesse contexto.
( ) deslizava, flutuava.
( ) imaginava,
fantasiava.
( ) desejava,
pensava.
( ) nadava, brincava.
b) Sobre a relação existente entre a viagem do menino e
as estampas do sabonete, podemos afirmar que as estampas do sabonete Eucalol
( ) falam de
lugares muito distantes, só existentes nas imaginação do menino.
( ) fazem
propaganda de lugares muito distantes, mas que não despertam o interesse do
menino.
( ) falam de lugares muito distantes,
maravilhosos, que mexem com a imaginação do menino.
( ) fazem propaganda de lugares muito
distantes, já visitados pelo menino.
04. A partir de determinado momento, a
tensão da narrativa cresce, numa sequência de eventos, até explodir num ato
violento. Que fato determina esse momento de maior tensão (clímax)?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
05. Releia.
“Mas não
chore, papai.
Quem, em menino, desafeito ao pó de
sua cidade, sonhou com os Jardins da Babilônia e outras estampas do Sabonete
Eucalol não acha em seu coração lugar para o rancor. Eu jurei em falso. Eu
perdoei você.”
Por
que motivo o pai choraria?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
06. Embora a frase
“Mas não chore, papai”, dita pelo narrador, já tivesse sido anunciada no
título, ao aparecer no final do conto causa uma quebra de expectativa na
leitura. Por quê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
07. Observe o diálogo entre Eddie Sortudo e
Hagar no segundo quadrinho. Haveria diferença de sentido se Eddie dissesse
“gordos homens” ao invés de “homens gordos”? Explique sua resposta.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
08. E no caso da fala de Hagar, no último
quadrinho? Haveria diferença de sentido se ele usasse a expressão “homens
grandes” em vez de “grandes homens”? Justifique.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
09.
Observe o uso dos artigos destacados nas seguintes frases:
I. Ganhou a beleza nas duras lutas da vida.
II.
Até o falar dele emocionou a plateia.
III. De repente, o novo surpreendeu a todos.
IV. A
pequena guardava nas mãozinhas um pequeno botão de rosa.
9
O processo de substantivação foi usado
( ) em I, II e IV.
( ) em I e III.
( ) em II e III.
( ) em II, III e IV.
10. Os trechos abaixo
compõem um texto, mas estão desordenados. Numere-os para que componham um texto
coeso e coerente e indique a opção que apresenta a sequência correta.
( ) Essa
invenção permitiu o sofisticado gosto dos reis franceses de colecionar livros,
e a mesma revolução que os degolou foi responsável por abrir suas coleções ao
povo.
( ) Há cerca de 2.300 anos, os homens
encontraram uma maneira peculiar de guardar o conhecimento escrito juntando-o
num mesmo espaço. A biblioteca foi uma entre outras das brilhantes ideias dos
gregos, que permanecem até hoje.
( ) Apesar da resistência da Igreja, a
informação começou a girar mais rápido com a invenção da imprensa de Gutemberg.
( ) Assim, as bibliotecas passaram a ser
"serviço de todos", como está escrito nos anais da maior biblioteca
do mundo, a do Congresso, em Washington, que tem 85 milhões de documentos em
400 idiomas diferentes.
( ) Depois deles, a Idade Média trancou nos
mosteiros os escritos da antiguidade clássica e os monges copistas passavam o
tempo produzindo obras de arte.
a) 1, 3, 5, 2, 4. b) 3, 2, 4, 5, 1. c) 2, 3, 5, 4, 1. d) 4, 1, 3, 5, 2. e) 5, 4, 1, 3, 2.
terça-feira, 16 de abril de 2013
REAVALIAÇÃO - 2012
O texto a seguir é uma lenda dos índios bororos, que vivem no leste do
Mato Grosso. Quem escreveu esta versão foi Clarice Lispector, uma das mais
importantes escritoras brasileiras. Leia a lenda e conheça um pouco da visão de
mundo do indígena brasileiro e de seu modo de viver.
Como
nasceram as estrelas
Pois é, todo mundo pensa que
sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro. Antes os índios olhavam
de noite para o céu escuro – e bem escuro estava esse céu. Um negror. Vou
contar a história singela do nascimento das estrelas.
Era uma vez, no mês de janeiro,
muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não
faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só
as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.
Uma vez elas notaram que faltava
milho no cesto pra moer. Que fizerem as valentes mulheres? O seguinte: sem medo
enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam
verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca.
Quando saíam de debaixo das copas,
encontravam o calor, bebiam no reino das águas dos riachos buliçosos. Mas
sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as faziam comer folhas
de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça.
– Vamos
voltar e trazer conosco uns curumins. (Assim chamavam os índios as crianças.)
Curumin dá sorte.
E deu mesmo.
Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e numa
clareira da floresta – eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias,
maravilhadas, disseram: vamos colher muita espiga. Mas os garotinhos também
colheram muitas e fugiram das mães, voltando à taba e pedindo à avó que lhes
fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que
logo se acabou. Só então tiveram medo das mães, que reclamariam por eles
comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o papagaio porque os dois
contariam tudo. Mas – e se as mães
dessem falta da avó e do papagaio tagarela? Aí então chamaram os colibris para
que amarrassem um cipó no topo do céu. Quando as índias voltaram, ficaram
assustadas vendo os filhos subindo pelo ar. Resolveram, essas mães nervosas,
subir atrás dos meninos e cortar o cipó embaixo deles.
Aconteceu
uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no chão,
transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para
a terra, ficaram no céu até hoje, transformados em gordas estrelas brilhantes.
Mas, quanto
a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas
são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como
sabe, “sempre” não acaba nunca.
Clarice
Lispector. Doze lendas brasileiras.
Rio de janeiro: Rocco, 2000.
VOCABULÁRIO:
* Negror:
escuridão intensa. * Buliçoso: que se move sem parar,
agitado.
* Singela:
simples. * Colibri: beija-flor.
* Ativos: espertos, dinâmicos.
* Viçoso: que cresce e se desenvolve
saudável.
* Taba: aldeia
indígena.
* Enfurnar-se:
embrenhar-se, penetraram.
QUESTÕES
SOBRE O TEXTO
|
" Assim
como os contos, as histórias em quadrinhos e as fábulas, as lendas são
narrativas e têm a seguinte estrutura.
QUESTÃO 01: Identifique
esses momentos no texto lido, relacionando as duas colunas.
QUESTÃO 02: Releia.
“Mas os garotinhos também colheram
muitas e fugiram das mães voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um
bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se
acabou. Só então tiveram medo das mães que reclamariam por eles comerem tanto.”
a) Por que os curumins
ficaram com medo das mães?
Porque haviam comido demais, e o bolo de
milho havia acabado.
|
b) Que ideia tiveram para
fugir delas?
Pediram a um colibri que amarrasse uma
corda no céu e subiram por meio dela até o céu.
|
QUESTÃO 03; Além
da origem das estrelas, o texto explica também a origem de qual outro elemento
da natureza. Explique.
Explica a
origem das onças, que são as mães “nervosas” dos curumins.
|
QUESTÃO 04: O
que pode ser considerado real nesta lenda por revelar o modo de vida e a
cultura desse povo indígena?
O fato de as
mulheres fazerem o trabalho da casa, saírem para procurar comida, os homens
|
Caçarem,
pescarem, guerrearem, as pessoas da tribo viverem em tabas, dormirem em redes
etc.
|
QUESTÃO 05:
Na lenda, o que a atitude dos curumins tem a ver com a origem das estrelas?
As estrelas são os
curumins que não mais puderam descer do céu.
|
QUESTÃO 06: Releia
o final da lenda.
“Mas, quanto a
mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são
os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como se
sabe, ‘sempre’ não acaba nunca.”
" Quem é que, nesse trecho, afirma que as estrelas são
mais do que curumins, são “os olhos de Deus vigiando para que tudo corra bem”?
O narrador. (Aqui não aceitamos a
resposta: O AUTOR/CLARICE LISPECTOR, porque foi bem
|
trabalhado
em sala a diferença entre AUTOR e
NARRADOR).
|
QUESTÃO 07: Uma
narrativa desenvolve-se por meio de fatos ou ações que dão origem a outros
fatos ou ações. Observe.
" Identifique no
texto e escreva as consequências de cada fato apresentado a seguir.
a) CAUSA: As mulheres indígenas
acham que os curumins dão sorte.
CONSEQUÊNCIA:
|
Elas vão buscar os curumins para
ajudá-las a encontrar milho.
|
b) CAUSA: Os curumins encontram
muitas espigas.
CONSEQUÊNCIA:
|
As mães e os curumins colhem muitas
espigas.
|
c) CAUSA: Os curumins voltam para
a taba e pedem à avó que faça um bolo com as espigas.
CONSEQUÊNCIA:
|
Eles comeram todo
o bolo.
|
d) CAUSA: Os curumins sentem
medo das mães.
CONSEQUÊNCIA:
|
Eles resolvem subir por um cipó amarrado
ao céu.
|
e) CAUSA: As mães sobem atrás
dos filhos e cortam o cipó.
CONSEQUÊNCIA:
|
Os curumins não podem mais descer e
viram estrelas; as mães viram onças.
|
QUESTÃO 08: Sobre
o foco narrativo desse texto, responda.
" Que tipo de
narrador temos na lenda? Explique sua resposta e, em seguida, copie um trecho
que a comprove.
Narrador-observador,
pois ele não participa da história, apenas conta o que sabe ou observa.
|
Comprova
tal resposta qualquer trecho que tenha a presença de verbos e pronomes de
terceira
|
pessoa.
|
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS
|
QUESTÃO 09:
Leia este poema.
Se o poeta falar num gato, numa flor,
num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade...
se falar numa esquina mal e mal iluminada...
numa sacada... num jogo de dominó...
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade...
se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol...
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!
Mário Quintana. Quintana de bolso. Porto Alegre>
L&PM, 2010.
a) Nos trechos destacados, o
eu lírico apresenta as várias possibilidades de assunto de um poema. Que tempo
e modo verbal foram empregados para apresentar essas possibilidades ao leitor.
Futuro do
subjuntivo.
|
b) Por que foram empregados o
tempo e o modo indicado por você na questão anterior?
Porque o eu-lírico
apresenta possibilidades de assunto de um poema. Como são possibilidades,
|
não são fatos que indicam certeza, mas,
hipótese.
|
QUESTÃO 10: Compare
as frases abaixo.
(A) As mulheres indígenas trabalhavam para sustentar a
casa.
(B) As mulheres indígenas trabalharam para sustentar a
casa.
" Podemos dizer que as frases acima possuem o mesmo
sentido? Justifique sua resposta, considerando seus conhecimentos sobre
TEMPO e MODO verbal.
Não possuem o mesmo sentido. Na frase
(A), o verbo foi empregado no pretérito imperfeito
|
do
indicativo, trabalhando com a ideia de uma ação inacabada. Ação que, por
algum motivo, foi
|
interrompida.
Também pode indicar uma ação contínua, num tempo pretérito. Na frase (B),
temos
|
uma ação
concluída, acabada. A primeira forma está no pretérito imperfeito; a segunda,
imperfeito.
|
QUESTÃO 11: Leia
o folheto.
" O texto ao lado apresenta informações importantes
sobre como se proteger contra a DENGUE.
a) Que modo verbal predomina
no folheto? Por quê?
Imperativo
afirmativo, pois o texto traz uma série de orientações, comandos necessários
para se proteger contra a dengue.
b) Em que pessoa estão as formas verbais que iniciam cada
frase?
Na pessoa VOCÊ.
QUESTÃO 12: A Caixa Econômica Federal, por muito tempo, apresentava em suas propagandas pela TV a seguinte mensagem:
VEM PRA CAIXA E TUDO BEM
VEM PRA CAIXA VOCÊ TAMBÉM
VEM!
" O texto acima
se tornou muito conhecido, mas sofreu algumas críticas por empregar o verbo VIR em descordo com a variedade
padrão, pois não há nele uniformidade de tratamento.
a) Por que não há
uniformidade de tratamento?
Não há
uniformidade, porque a forma verbal “VEM” está na 2ª pessoa do singular, do
imperativo
|
afirmativo,
quando o pronome usado para se dirigir ao interlocutor é VOCÊ, que trabalha
com ver-
|
bos de
terceira pessoa.
|
b) Reescreva o texto,
adequando-o à variedade padrão.
Venha pra Caixa e
tudo bem/ Venha pra Caixa você também/ Venha!
|
QUESTÃO 13: Leia a tira e observe as formas verbais sublinhadas. Em que
modo estão as formas verbais na fala de Helga? Marque X na alternativa CORRETA.
a.
indicativo, subjuntivo e imperativo
b. indicativo, imperativo e subjuntivo
c.
imperativo, indicativo e subjuntivo
d. imperativo, subjuntivo e indicativo
QUESTÃO
14: Leia esta tira e observe os advérbios/expressões adverbiais:
lá fora, hoje e lá.
Que circunstâncias expressam esses advérbios? Marque X na alternativa CORRETA.
a.
afirmação, tempo, intensidade
b. tempo, intensidade, lugar
c. lugar, tempo, lugar
d. lugar, intensidade, lugar
QUESTÃO
15: Leia esta Tira de Laerte:
" Releia a fala “Levaram
tudo!... Os móveis, o som, a... a...”.
- Qual o sujeito da forma
verbal destacada? Justifique sua resposta.
Sujeito
indeterminado, pois o verbo está na terceira pessoa do plural e não é
possível descobrir
|
o sujeito
da oração pelo contexto.
|
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