terça-feira, 16 de abril de 2013

REAVALIAÇÃO - 2012


O texto a seguir é uma lenda dos índios bororos, que vivem no leste do Mato Grosso. Quem escreveu esta versão foi Clarice Lispector, uma das mais importantes escritoras brasileiras. Leia a lenda e conheça um pouco da visão de mundo do indígena brasileiro e de seu modo de viver.

Como nasceram as estrelas

Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro. Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro – e bem escuro estava esse céu. Um negror. Vou contar a história singela do nascimento das estrelas.

Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.
Uma vez elas notaram que faltava milho no cesto pra moer. Que fizerem as valentes mulheres? O seguinte: sem medo enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca.
Quando saíam de debaixo das copas, encontravam o calor, bebiam no reino das águas dos riachos buliçosos. Mas sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça.
            – Vamos voltar e trazer conosco uns curumins. (Assim chamavam os índios as crianças.) Curumin dá sorte.
            E deu mesmo. Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e numa clareira da floresta – eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias, maravilhadas, disseram: vamos colher muita espiga. Mas os garotinhos também colheram muitas e fugiram das mães, voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães, que reclamariam por eles comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o papagaio porque os dois contariam tudo. Mas – e se  as mães dessem falta da avó e do papagaio tagarela? Aí então chamaram os colibris para que amarrassem um cipó no topo do céu. Quando as índias voltaram, ficaram assustadas vendo os filhos subindo pelo ar. Resolveram, essas mães nervosas, subir atrás dos meninos e cortar o cipó embaixo deles.
            Aconteceu uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no chão, transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para a terra, ficaram no céu até hoje, transformados em gordas estrelas brilhantes.
            Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como sabe, “sempre” não acaba nunca.

Clarice Lispector. Doze lendas brasileiras. Rio de janeiro: Rocco, 2000.

VOCABULÁRIO:

* Negror: escuridão intensa.                                      * Buliçoso: que se move sem parar, agitado.                                            
* Singela: simples.                                                    * Colibri: beija-flor.
* Ativos:  espertos, dinâmicos.                                  
* Viçoso: que cresce e se desenvolve saudável.
* Taba: aldeia indígena.
* Enfurnar-se: embrenhar-se, penetraram.


QUESTÕES SOBRE O TEXTO

" Assim como os contos, as histórias em quadrinhos e as fábulas, as lendas são narrativas e têm a seguinte estrutura.

QUESTÃO 01: Identifique esses momentos no texto lido, relacionando as duas colunas.

QUESTÃO 02: Releia.
        “Mas os garotinhos também colheram muitas e fugiram das mães voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães que reclamariam por eles comerem tanto.”


a) Por que os curumins ficaram com medo das mães?
   Porque haviam comido demais, e o bolo de milho havia acabado.


b) Que ideia tiveram para fugir delas?
      Pediram a um colibri que amarrasse uma corda no céu e subiram por meio dela até o céu.



QUESTÃO 03; Além da origem das estrelas, o texto explica também a origem de qual outro elemento da natureza. Explique.
      Explica a origem das onças, que são as mães “nervosas” dos curumins.




QUESTÃO 04: O que pode ser considerado real nesta lenda por revelar o modo de vida e a cultura desse povo indígena?
        O fato de as mulheres fazerem o trabalho da casa, saírem para procurar comida, os homens
Caçarem, pescarem, guerrearem, as pessoas da tribo viverem em tabas, dormirem em redes etc.




QUESTÃO 05: Na lenda, o que a atitude dos curumins tem a ver com a origem das estrelas?
        As estrelas são os curumins que não mais puderam descer do céu.




QUESTÃO 06: Releia o final da lenda.

     “Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como se sabe, ‘sempre’ não acaba nunca.”
" Quem é que, nesse trecho, afirma que as estrelas são mais do que curumins, são “os olhos de Deus vigiando para que tudo corra bem”?
      O narrador. (Aqui não aceitamos a resposta: O AUTOR/CLARICE LISPECTOR, porque foi bem
trabalhado em sala a diferença entre AUTOR  e NARRADOR).



QUESTÃO 07: Uma narrativa desenvolve-se por meio de fatos ou ações que dão origem a outros fatos ou ações. Observe.




"  Identifique no texto e escreva as consequências de cada fato apresentado a seguir.



a) CAUSA: As mulheres indígenas acham que os curumins dão sorte.

CONSEQUÊNCIA:
    Elas vão buscar os curumins para ajudá-las a encontrar milho.


b) CAUSA: Os curumins encontram muitas espigas.

CONSEQUÊNCIA:
     As mães e os curumins colhem muitas espigas.


c) CAUSA: Os curumins voltam para a taba e pedem à avó que faça um bolo com as espigas.

CONSEQUÊNCIA:
       Eles comeram todo o bolo.



d) CAUSA: Os curumins sentem medo das mães.

CONSEQUÊNCIA:
     Eles resolvem subir por um cipó amarrado ao céu.


e) CAUSA: As mães sobem atrás dos filhos e cortam o cipó.

CONSEQUÊNCIA:
     Os curumins não podem mais descer e viram estrelas; as mães viram onças.


QUESTÃO 08: Sobre o foco narrativo desse texto, responda.

"  Que tipo de narrador temos na lenda? Explique sua resposta e, em seguida, copie um trecho que a comprove.
      Narrador-observador, pois ele não participa da história, apenas conta o que sabe ou observa.
Comprova tal resposta qualquer trecho que tenha a presença de verbos e pronomes de terceira
pessoa.


CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS


QUESTÃO 09: Leia este poema.

Se o poeta falar num gato, numa flor,

num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade...
se falar numa esquina mal e mal iluminada...
numa sacada... num jogo de dominó...
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade...
se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol...
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!

                                                           Mário Quintana. Quintana de bolso. Porto Alegre> L&PM, 2010.

a) Nos trechos destacados, o eu lírico apresenta as várias possibilidades de assunto de um poema. Que tempo e modo verbal foram empregados para apresentar essas possibilidades ao leitor.
    Futuro do subjuntivo.

b) Por que foram empregados o tempo e o modo indicado por você na questão anterior?
  Porque o eu-lírico apresenta possibilidades de assunto de um poema. Como são possibilidades,
 não são fatos que indicam certeza, mas, hipótese.


QUESTÃO 10: Compare as frases abaixo.

(A) As mulheres indígenas trabalhavam para sustentar a casa.

(B) As mulheres indígenas trabalharam para sustentar a casa.

" Podemos dizer que as frases acima possuem o mesmo sentido? Justifique sua resposta, considerando seus conhecimentos sobre TEMPO  e MODO verbal.
    Não possuem o mesmo sentido. Na frase (A), o verbo foi empregado no pretérito imperfeito
do indicativo, trabalhando com a ideia de uma ação inacabada. Ação que, por algum motivo, foi
interrompida. Também pode indicar uma ação contínua, num tempo pretérito. Na frase (B), temos
uma ação concluída, acabada. A primeira forma está no pretérito imperfeito; a segunda, imperfeito.

QUESTÃO 11: Leia o folheto.

" O texto ao lado apresenta informações importantes sobre como se proteger contra a DENGUE.

a) Que modo verbal predomina no folheto? Por quê?
     Imperativo afirmativo, pois o texto traz uma série de orientações, comandos necessários para se proteger contra a dengue.

b) Em que pessoa estão as formas verbais que iniciam cada frase?
 Na pessoa VOCÊ.







QUESTÃO 12: A Caixa Econômica Federal, por muito tempo, apresentava em suas propagandas pela TV a seguinte mensagem:


VEM PRA CAIXA E TUDO BEM
VEM PRA CAIXA VOCÊ TAMBÉM
VEM!


"  O texto acima se tornou muito conhecido, mas sofreu algumas críticas por empregar o verbo VIR em descordo com a variedade padrão, pois não há nele uniformidade de tratamento.

a) Por que não há uniformidade de tratamento?
   Não há uniformidade, porque a forma verbal “VEM” está na 2ª pessoa do singular, do imperativo
afirmativo, quando o pronome usado para se dirigir ao interlocutor é VOCÊ, que trabalha com ver-
bos de terceira pessoa.


b) Reescreva o texto, adequando-o à variedade padrão.
  Venha pra Caixa e tudo bem/ Venha pra Caixa você também/ Venha!



QUESTÃO 13:  Leia a tira e observe as formas verbais sublinhadas. Em que modo estão as formas verbais na fala de Helga? Marque X na alternativa CORRETA.
a. indicativo, subjuntivo e imperativo                                    b. indicativo, imperativo e subjuntivo
c. imperativo, indicativo e subjuntivo                                    d. imperativo, subjuntivo e indicativo

QUESTÃO 14: Leia esta tira e observe os advérbios/expressões adverbiais: lá fora, hoje e . Que circunstâncias expressam esses advérbios? Marque X na alternativa CORRETA.
a. afirmação, tempo, intensidade                                     b. tempo, intensidade, lugar
c. lugar, tempo, lugar                                                         d. lugar, intensidade, lugar

QUESTÃO 15: Leia esta Tira de Laerte:

" Releia a fala “Levaram tudo!... Os móveis, o som, a... a...”.

- Qual o sujeito da forma verbal destacada? Justifique sua resposta.
   Sujeito indeterminado, pois o verbo está na terceira pessoa do plural e não é possível descobrir
o sujeito da oração pelo contexto.











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